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domingo, 4 de julho de 2010

O choro da farsa


Eu cresci ouvindo as histórias, daquela final da Copa de 1950, disputada no Maracanã; meu pai, tinha 18 anos na época e ainda preservou algumas revistas da década e de outras seguintes; eu passei a colecionar no início dos anos 70, pausando em 1978, depois da Copa, voltando em 82 e parando no mesmo ano definitivamente, por várias razões ligadas à decepção; entre elas a constatação da máscara, nunca deixada de lado, pelos que alcançam o apogeu.

Na maioria esmagadora dos casos, os deuses fabricados pelo sucesso, patrocinados pela mídia de ocasião, não possuem humildade real; o que existe é o fingimento e, o tal recurso do arrego.

O esnobe na vitória é uma criancinha inocente, na derrota; aí o salto alto, vira aquele tênis simples; pode ser "Bamba", "Kichute" ou "Conga".

Muitos rejeitam o Gilberto Silva; esses covardes, querem bailarinos naquela função? O cara pode não ser um craque, mas desempenha a sua missão, com regularidade e dedicação. Não o condeno em nada.

Agora no país da memória curta, todos esquecem do olhar empolgado e das atitudes de artista premiado, que o goleiro Júlio César exibia. EXIBIA MESMO!

O goleiro apontado - pelos brasileiros - como o melhor do mundo, falhou em dois lances capitais, que não são admitidos, para tamanha badalação em torno da sua capacidade. Se ele fizesse isso numa peneira séria, estaria reprovado.

Ao terminar o jogo que desclassificou o Brasil da Copa, restou a dramatização barata e vulgar; isso mesmo: BARATA, VULGAR E APELATIVA!

Ninguém quis no passado, fazer justiça, corrigindo as atrocidades que tomei conhecimento, feitas contra o goleiro Barbosa, titular da seleção na Copa de 1950. Falta incluir Bigode o lateral esquerdo, que foi outro considerado, dos mais atingidos pelo resto da vida!

O gol que deu a vitória ao Uruguai naquele 16 de julho, foi marcado num lance comum do futebol; o atacante uruguaio, ficou na cara do Barbosa e desferiu um chute seco, que passou entre o goleiro e a trave. Aquela bola, não era essa loucura medíocre, batizada de "Jabulani", que a FIFA aprovou. Nossa, nem quero antrar no ramo das pesquisas técnicas, para buscar a diferença; deixa ela de lado.

Barbosa, morreu carregando o enorme fardo da ingratidão e da rejeição, pela perda do título mundial, dentro de casa.

Creio que o Júlio, tenha muitas chances de estar na próxima Copa, mas vai ter que enfrentar um calvário nela mesma; eu o considero um ótimo goleiro mas, não me venham convencer que é um sinônimo de humildade; eu não entro nessa! Ser assim na derrota é muito fácil; seja na vitória.

Se Deus me der vida, vou ver algo que não está sendo observado: a obrigação que vai existir em torno do Hexa. A competição de 2014, vai ser disputada em solo brasileiro; se não for a campeã, nossa seleção terá outra vez, uma marca na história, como derrotada em território pátrio.

Em 1950, nosso futebol foi vice; em 2014, se for de novo, já sabem, certo? E, se nem isso for? Só o tempo vai dar as respostas.

Daqui para o ano da próxima Copa, irão surgir muitas promessas de craques; e vamos ver muita divulgação, favorecendo nomes enganadores; as vezes eles até vencem e craques de verdade, ficam de fora da festa.

Alguns técnicos insistem com malas e não querem trabalhar a cabeça de um Adriano, de um Edmundo, do genial Romário e outros desse nível. Lembro assim como exemplo.

Em 1982, vi uma seleção de notáveis, com três malas: Valdir Perez, Toninho Cerezzo e Serginho Chulapa; jogadores de clubes, que vestiram como titulares a camisa amarelinha, lá na Espanha. O competente Telê Sanatana, deu essa pisada no tomate, escalando essas figuras, quando haviam alternativas superiores de sobra; a teimosia é cruel e o castigo é maior ainda.

Não é o seu choro Júlio César, que vai convencer; é a sua performance dentro de campo. Os derrotados que terão outras chances, estarão à frente dos que não podem mais sonhar, em deixar seus nomes eternizados, como campeões mundiais. Mas, os contratos milionários e o apoio dos abutres interesseiros, são bem diferentes dos massacrados em suas vidas, após o final do mundial de 1950. Eles não tiveram o que hoje em dia, artistas da bola, conseguem ter de sobra, em defesa do mercado que envolve do roupeiro ao empresário de sucesso.

Eu não condeno o Júlio goleiro, também não o defendo. Senhor melhor do mundo, volte para debaixo da meta e aprenda a sair do gol; ou então, chame o Dida, para parceiro e, vire garoto propaganda da Volkswagen; e saiba também, sair do automóvel, que tem nome similar ao ponto máximo e desejado do futebol, porque é possível até ser atropelado! Ou dirija bem, para não matar ninguém.

Que Deus tenha a alma dos vice-campeões mundiais de futebol de 1950, em bom lugar.


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